terça-feira, 10 de novembro de 2015

Falando holandês

Semana passada fiz minha última prova de holandês. E finalmente posso dizer: eu falo essa língua! Depois de 5 módulos de holandês, um total de 6 meses de estudo, finalmente posso dar o feedback prometido em fevereiro, neste texto aqui

A primeira coisa que posso dizer é: ai que saudades do inglês! Se você acha inglês difícil, nem se quer tente o holandês. Eita linguinha... A coisa mais chata dessa língua é a ordem da frase. Decorar um vocabulário novo, aprender a conjugar verbos e aprender a produzir novos sons (tipo um R no fundo da garganta) eu já esperava. Agora aprender novas ordens da frase essa foi novidade. Sabe aquela regrinha básica: sujeito + verbo + resto? Então, esqueça! 

Agora a ordem vai depender da primeira palavra usada. Se for um advérbio, por exemplo "ontem", então a ordem fica: verbo+sujeiro+resto, por exemplo: "ontem comi eu pão" (em português: ontem eu comi pão).

E se a primeira palavra for uma conjunção então, vish Maria, é um verdadeiro quebra-cabeça. Conjunção + sujeito + resto + verbo. Imaginem só: "Quando eu me ontem no espelho olhado tinha..." (a ordem do português seria: quando eu tinha me olhado no espelho ontem...). 

Palavras em holandês. Imagem tirada do livro NL Nederlands Pictogrammen woordenboek Nr. 2

Daí que para falar o seu pensamento vai ter que ultrapassar a velocidade da luz, porque além de ter que traduzir as palavras e conjugar no tempo certo, você ainda vai ter q pôr na ordem certa. É literalmente uma nova forma de pensar. Não dá mais para pensar em português e falar em inglês ou em francês como fazia antes, agora preciso pensar em holandês, se não sai tudo errado. 

Superado o choque inicial, e finalmente aprendido, fico muito orgulhosa em dizer que: hoje eu falo holandês! Claro que timidamente, cometendo muitos erros, com um vocabulário pobressíssimo, mas as pessoas me entendem! E eu as entendo (ou acho que entendo). Ah não, espera, eu acho que entendo. Há um pequeno detalhe sobre o holandês, um pequeno porém com o qual nunca havia me deparado com o inglês ou o francês: os dialetos.

Durante meu curso de holandês, minhas professoras explicaram que existem 3 tipos de holandês: 

1. Padrão culto, nível alto, usado em documentos oficiais, pesquisas, Universidades, ensinado nas escolas. A forma top. 

2. Dialetos: vocabulário e até outros verbos usados por uma minoria local, ou seja, só quem é daquela vila entende. O holandês de Gent é diferente do da Antuérpia, que é diferente de Hasselt, e assim por diante... E não estou falando de sotaque não, porque este também muda de região para região. É como dizer "mandioca" no sul, "aipim" do Rio para cima, e "macaxeira" no norte. São palavras que não tem nada a ver entre elas. 

3. Língua intermediária. Os belgas aprendem na escola o holandês culto, mas muitos não gostam de falar assim de forma tão conservadora, então com o tempo foi criada uma língua intermediária, algo entre os dialetos e o padrão culto. Essa linguagem é usada principalmente pelos meios de comunicação, como jornais, seriados, rádios. Assim todos se entendem mas não precisam usar aquele clássico "vós mêcê" tão arcaico. 

E sabe o que acontece com o estrangeiro? Ele aprende o padrão culto, mas não entende nada do que as pessoas respondem. Pois é, acontece sempre comigo. Eu aprendi a palavra "hele" para todo, "de hele dag" o dia todo, mas na rua as pessoas falam "hanse", e isto não é considerado gíria. 

Então se você pensa em estudar holandês, te desejo muita boa sorte e perseverança. Quer vir estudar na Bélgica? Escrevi lá no site Brasileiras Pelo Mundo um texto dando dicas, clique aqui para ler. Quer mais dicas de sites, apps, e outras ferramentas? É só me mandar uma mensagem. 

4 comentários:

Jeh disse...

eitcha, deu um nó na cabeça. hahahaha

bjs

Tábata disse...

Hahahah, é assim mesmo que eu sinto, um grande e enorme nó! Fazer o quê, não tenho escolha...

Monielli Paixão disse...

Onde você fez o curso ?

Tábata disse...

Estudei na Universidade de Gent, UCT que significa Centro Universitário de Línguas, sigla em holandês. É um curso muito intensivo, muito difícil, mas muito eficiente. Também existem os cursos sociais nos centros CVO, também são muito bons. Se quiser mais informações sobre cursos, escrevi um outro post a respeito, pode ler aqui:
http://www.brasileiraspelomundo.com/belgica-virando-poliglota-onde-estudar-331521450