Continuando minha história na primeira família...
Antes de embarcar para a Europa, minha host tinha combinado que pagaria a minha escola de línguas para mim, deduzindo do meu salário (deixou isso bem claro), como ela tinha feito com as au pairs anteriores, e eu não teria que me preocupar em pagar. Eu concordei, não fazia diferença para mim.
Um dia, na escola, vi os estudantes pagando eles mesmos, e também fiquei com vontade de lidar eu mesma com essa questão, afinal eu estava trabalhando para ganhar dinheiro e pagar as minhas despesas (sem contar que o curso era meu, o problema era meu, certo?). Cheguei em casa naquele dia e, antes de pegar as kids na escola, fui falar com a minha host.
"Oi host, tudo bem? Escuta, eu gostaria de te pedir uma coisa. Eu gostaria de eu mesma pagar a minha escola. Então ao invés..."
Eu não cheguei a terminar a frase, e ela já começou a berrar comigo. Berrava pior do que com os próprios filhos. Arregalava os olhos e apontava o dedo.
Eu fiquei chocada com a reação exagerada dela. Foram bem uns 15 minutos sem parar. E claro que, neste momento, todo o meu francês foi embora. Eu simplesmente não conseguia formar frases. Na primeira palavra que tentava pronunciar, ela elevava o tom de voz. Respirei fundo e comecei a falar em inglês mesmo.
Expliquei que era apenas uma questão de aprender a me virar, de administrar o meu dinheiro, que queria fazer isso por mim, não tinha nada a ver com ela.
Depois de mais uns dez minutos de gritaria (dessa vez em inglês), ela concordou que eu tinha direito a me virar sozinha se eu assim quisesse, e concordou em me dar o salário integral.
Fiquei chocada com a reação, principalmente porque mal tinha uma semana que eu tinha chegado. Ela não tentou sentar e conversar, ela não me pediu para explicar meus motivos, nada, simplesmente começou a gritar. Mal sabia eu que a gritaria seria uma prática semanal, cada vez um motivo diferente, claro.
Na última bronca, a pior, eu já estava craque, e soube administrar com a maior classe! (Demonstrando calma e paciência, sem alterar o tom de voz; o que só a irritou ainda mais).
Eu, que já não estava me sentindo muito confiante na família depois daquele email (pode-se ler aqui), passei a ter antipatia pela minha host. Depois, com outras broncas, percebi que ela tampouco estava interessada em saber sobre a minha vida, minha família (foi a segunda bronca), pois ela logo me cortava. E assim percebi que tampouco daria para me aproximar dela, que não era amiga dela, que eu estava ali a trabalho, era uma funcionária. Desde então me fechei ainda mais. E a situação só piorava...
2 comentários:
Entendo perfeitamente! Foi assim ano passado inteiro, o problema é que para esse ano descolei uma familia bacana, mas acabei ficando acostumada ao distanciamento e nao consegui me entregar na nova familia, fiquei 3 meses e pedi para ir embora pois nao era justo com eles... Estou morando com meu namorado agora (desculpe a falta de acentuaçao, nao sei fazê-las em teclado europeu) e até tinha abandonado de vez esse negocio de morar com uma familia que nao é a minha... mas nos ultimos dias tenho repensado em enfrentar alguns meses na Italia... Vc ainda esta para ir pra Bélgica? Em que país vc esta? Eu estou procurando saber se é possivel ir de um país para outro sem voltar para o Brasil, como da França para a Italia em quesitos burocraticos, vc tem informaçoes? Meu e-mail é sool_hr@hotmail.com e meu nome é Solange =) muito prazer, bjs
Que mulher grossa! qual o motivo de gritar, meu deus!? Eu nao tenho a menor diplomacia, ja teria gritado de volta!
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